A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas – divulgou os resultados de um inquérito, realizado junto dos seus associados, que revela que os preços das embalagens em vidro continuam com preços elevados apesar da diminuição do preço da energia.

A ANCEVE pede ao Governo que estabeleça urgentemente uma plataforma de diálogo, para que os sectores do vinho e do vidro possam analisar e resolver o problema.

“A baixa gradual do custo da energia, que se refletiu positivamente nos fretes de transporte em navio, não teve, lamentavelmente, ainda qualquer reflexo no fornecimento das garrafas, que continuam a ser colocadas no mercado com preços recorde”, explica a associação.

Embalagens vidro

Os valores do custo do vidro estão, em média, 55% acima dos valores pré-guerra e com a aplicação de “alcavalas no seu fornecimento (taxa de energia, valor do transporte e exigência de pagamento antecipado)”. Além disso, denuncia a ANCEVE, “continua a registar-se escassez de muitos modelos de garrafas (ao contrário do que acontece noutros países vinícolas, nossos concorrentes), o que tem obrigado os produtores a alterarem constantemente procedimentos e rotulagem, para adaptarem a sua produção aos modelos disponíveis, o que afeta gravemente a consistência das suas estratégias comerciais e de marketing”.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho, Portugal produziu na última vindima cerca de 688 milhões de litros de vinho. Sendo que a maior parte do vinho português é engarrafado, o vidro tem especial importância para o sector. Para muitos produtores, sobretudo os que se posicionam em segmentos mais competitivos, o aumento do custo do vidro, que não tem paralelo noutros países, deixando-os fora do mercado, explica a ANCEVE.

A ANCEVE divulgou as respostas maioritariamente obtidas:

  • Quais as referências e formatos de garrafas mais em ruptura?
    Garrafas do tipo Bordalesa / tipo Borgonha / tipo Reno / para Espumante. Os modelos estiveram intermitentemente em rutura ao longo de 2022 e mantém-se o cenário em 2023. Registam-se interrupções frequentes de produção e fornecimento, sem qualquer aviso prévio ao mercado.
  • Qual a cor em rutura?
    Branco / Castanho / Azulado.

  • Os fornecedores estão a debitar taxa de energia?
    Sim. A esmagadora maioria abandonou a sobretaxa energética na sua discriminação em fatura, tendo incorporado a mesma no preçário final dos modelos.
  • Os fornecedores estão a debitar o valor do transporte?
    Sim, com algumas exceções para grandes clientes.

  • Os fornecedores estão a exigir pagamento antecipado?
    Sim, com algumas exceções para grandes clientes.

  • Qual o valor médio do aumento que foi imputado desde há um ano?
    O valor médio de aumento foi à volta dos 55% / 70% em quase todos os modelos.
  • Os atuais constrangimentos levaram a optar por outros vasilhames / materiais e, em caso afirmativo, quais?
    Não ou em análise, sem posição tomada.
  • No último ano optaram por engarrafar com garrafas de vidro mais leve? Não. Tentamos manter o mesmo estilo de garrafa, dentro dos mesmos pesos.

  • Tal alternativa é mais barata ou acessível no contexto de rutura e preços recorde?
    Não. O portfólio das vidreiras evolui no sentido de os modelos existentes passarem a ser fornecidos em “light weight”. O percurso assumido pelas vidreiras não se repercute diretamente na baixa do custo / kg vendido. A garrafa alternativa pode ser ligeiramente mais barata no custo unitário, mas o custo / Kg comprado vai aumentando sucessivamente.
  • Deseja acrescentar alguma nota?
    É de notar que para além de não fornecerem garrafas, as vidreiras também não estão a aceitar novos clientes.
    Para além do exposto, vidreiras e fornecedores de garrafas estão a dar quotas de quantidades aos clientes baseadas nas compras do ano anterior, o que impossibilita qualquer produtor de fechar novos negócios, logo impossibilita aumentos de vendas.

Fundada em 1975, a ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas representa produtores e engarrafadores de vinhos e bebidas espirituosas das principais regiões do País.