A Jerónimo Martins apresentou resultados sólidos no arranque de 2025, mesmo num contexto marcado por elevada incerteza geopolítica, inflação alimentar baixa e consumidores particularmente sensíveis ao preço.
O grupo registou um crescimento de 3,8% nas vendas consolidadas, atingindo os 8.377 milhões de euros no 1.º trimestre em 2024.
A performance operacional permitiu manter a margem EBITDA em 6,3%, com o indicador a subir ligeiramente para os 528 milhões de euros (+3,8%). Já o resultado líquido atribuível ao grupo aumentou 31,4% para os 127 milhões de euros, embora este valor inclua efeitos não recorrentes. Sem esses impactos, o lucro teria recuado 6,1%.
Contenção nos mercados, expansão no terreno
Em comunicado, Pedro Soares dos Santos, presidente e CEO do grupo, sublinha que "os consumidores mantêm-se prudentes" e que o trimestre espelha a capacidade da Jerónimo Martins de “gerir margens num ambiente de inflação salarial e baixa inflação alimentar”.
Durante o trimestre, a retalhista avançou com 70 milhões de euros em novas lojas e remodelações, destacando-se a estreia da Biedronka na Eslováquia com quatro unidades e um centro de distribuição.
Biedronka: robusta apesar do calendário
Na Polónia, a Biedronka registou vendas de 5.946 milhões de euros (+3,4%), embora o crescimento em moeda local tenha sido modesto (+0,3%) e o LFL tenha recuado 3,5%. Ainda assim, o EBITDA cresceu 3,9%, beneficiando de um mix favorável de margem e de disciplina na contenção de custos, mantendo a margem nos 7,7%.
Já a Hebe registou uma queda significativa no EBITDA (-57,4%) devido ao aumento da pressão promocional, apesar do crescimento de dois dígitos nas vendas em euros (+11,9%).
Portugal: Pingo Doce segura desempenho, Recheio sofre pressão no canal HoReCa
Em Portugal, o ambiente promocional mantém-se intenso. O Pingo Doce conseguiu crescer 2,8% nas vendas, com um LFL de 1,1% (excluindo combustível), beneficiando das lojas com o conceito All About Food. Já o Recheio registou uma ligeira quebra (-0,4%), pressionado pelo canal Horeca e por efeitos de calendário.
O EBITDA da operação em Portugal manteve-se praticamente estável, nos 78 milhões de euros, mas com uma margem ligeiramente pressionada pelos aumentos salariais em vigor desde janeiro.
Colômbia: Ara acelera e melhora rentabilidade
A insígnia Ara foi a que mais cresceu no trimestre, com um aumento de 13% em moeda local e de 9,1% em euros, refletindo o sucesso da estratégia promocional e a expansão da rede, agora com 1.447 lojas. O EBITDA disparou 50,1% para os 27 milhões de euros, com a margem a subir de 2,5% para 3,5%.
Cash flow negativo justificado por sazonalidade
O grupo registou um cash flow negativo de 398 milhões de euros, explicado pela sazonalidade do capital circulante no período pós-Natal e pela ausência da Páscoa. No entanto, excluindo os efeitos da IFRS16, a Jerónimo Martins apresenta uma posição líquida de caixa de 332 milhões de euros, reforçando a solidez do balanço.
Dividendo aprovado e perspetivas mantidas
A Assembleia Geral aprovou a distribuição de um dividendo de 0,59 euros por ação, num total de 370,8 milhões de euros, a pagar a 15 de maio. Foram também destinados 40 milhões de euros à Fundação Jerónimo Martins.
O grupo reafirma as suas perspetivas para 2025, com foco no crescimento sustentável, na defesa das suas bases de clientes e na execução do plano de expansão, num ambiente que permanece marcado por volatilidade e imprevisibilidade.