O Pacto Português para os Plásticos foi assinado por mais de 50 entidades públicas e privadas, representantes das várias etapas da cadeia de valor. O evento, liderado pela Associação Smart Waste Portugal, decorreu no Auditório da EDP, em Lisboa. O que defende?

O objetivo da iniciativa é conjugar esforços para uma nova economia relacionada com o plástico, circular, onde se privilegiam as forças do material e se encontram alternativas para que, no fim de vida, volte a integrar a cadeia, mantendo-o fora dos ecossistemas naturais.

António Mexia, CEO da EDP, deu o arranque à cerimónia e relembrou o papel das gerações mais novas na forma de encarar a situação de urgência climática em que vivemos. “Estamos a ser educados pelos mais novos”, sublinhou, ao mencionar ainda que, apesar da EDP ter uma utilização muito residual de plástico, a empresa faz questão de se associar e contribuir para a iniciativa.

António Mexia, CEO da EDPAntónio Mexia, CEO da EDP

O foco inicial do Pacto Português para os Plásticos é o desenvolvimento do Roadmap 2025, onde se dará prioridade aos projetos que criarão maior impacto, a curto e longo prazo, tais como a redução de barreiras à incorporação de plásticos reciclados em novos produtos e embalagens, desenvolvimento de embalagens reutilizáveis e promoção de um sistema de depósito de embalagens eficaz.

Aires Pereira, presidente da direção da Associação Smart Waste Portugal, afirma que é importante não perdermos as funcionalidades e os benefícios do material plástico, tão importante em campos como a medicina e a área alimentar, mas que é urgente mudar padrões de negócio e comportamentos: “o que hoje é um resíduo, amanhã será um recurso precioso para se criarem novos produtos”.

Aires PereiraAires Pereira, presidente da direção da Associação Smart Waste Portugal

Os signatários comprometeram-se a atingir, até 2025, as seguintes metas:

• Definir, até 2020, uma listagem de plásticos de uso único considerados problemáticos ou desnecessários e definir medidas para a sua eliminação até 2025, através de redesenho, inovação ou modelos de entrega alternativos (reutilização);

• Que 100% das embalagens de plástico serão reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis;

• Que 70%, ou mais, das embalagens plásticas são efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e da reciclagem;

• Incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico;

• Promover atividades de sensibilização e educação para os consumidores (atuais e futuros) para a utilização circular dos plásticos.

Em Portugal, o Pacto Português para os Plásticos irá estimular novos e inovadores modelos de negócio, que permitirão reduzir o volume de embalagens de plástico.

Promoverá também o desenvolvimento de um sistema de reciclagem mais eficiente, no qual todos assumiremos um papel de maior responsabilidade sobre os resíduos de plástico, garantindo a reincorporação dos plásticos reciclados em novos produtos e embalagens e, com o apoio do Governo, garantindo um sistema de reciclagem eficaz.

Matos FernandesJoão Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e Ação Climática

João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e Ação Climática, diz que “compromissos como este são tão importantes como a ação legislativa”, divulgando ainda o investimento de € 6,5 milhões para a recolha de embalagens e a necessidade de se corrigir orientações que são dificultam que os consumidores possam utilizar embalagens reutilizáveis em espaços como supermercados e cafés, por exemplo.

"Com uma lógica circular, o contexto regulatório e económico tem de garantir a redução do uso de matérias-primas, a promoção da utilização de materiais reciclados, dando nova vida aos recursos. É esta a prioridade da política europeia e deve ser também a prioridade nacional", adiantou.

Paolo Fagnoni, CEO da NestléPaolo Fagnoni, CEO da Nestlé, partilhou o investimento massivo na área da embalagem

O Pacto Português para os Plásticos pertence à rede Pactos de Plásticos da iniciativa New Plastics Economy, da Fundação Ellen MacArthur. É liderado pela Associação Smart Waste Portugal, referência nacional no processo de transição para a economia circular.

Sanders Defruyt, coordenador da iniciativa New Plastics Economy na Fundação Ellen MacArthur, afirmou: “Esperamos ansiosamente apoiar o Governo e a indústria de Portugal na condução de mudanças reais para uma economia circular do plástico, eliminando plásticos problemáticos e desnecessários, inovando para garantir que os plásticos de que precisamos sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, e circulando os plásticos para mantê-los dentro da economia e fora do meio ambiente. Juntos, podemos criar um mundo sem resíduos e poluição de plásticos.”

Maria Joao Cunha,  da DeltaMaria Joao Cunha, da Delta, falou sobre as iniciativas do grupo e a criação de uma nova cápsula ecológica

Todos somos parte da solução. Para o Pacto Português para os Plásticos ser verdadeiramente abrangente e envolver todos, a Smart Waste Portugal irá lançar uma campanha de sensibilização dos cidadãos, no próximo verão, para que estes contribuam para o processo de transição para uma economia circular dos plásticos.

Quem assinou o pacto?