A Heidelberg reuniu cerca de 90 especialistas internacionais nas suas instalações em Wiesloch-Walldorf, na Alemanha, para discutir o futuro da impressão de embalagem no simpósio “Packaging Tomorrow”.
Inserido nas comemorações dos 175 anos da marca, o evento contou com um painel de alto nível, incluindo representantes de empresas de bens de consumo, associações industriais e fornecedores tecnológicos. A conclusão foi clara: a embalagem está a assumir um papel cada vez mais determinante na relação entre marcas e consumidores, e a indústria precisa de se adaptar com rapidez às novas exigências do mercado e da regulação.
Ponto de venda: o “momento da verdade” para a embalagem
Comportamentos de consumo em mutação, uma sociedade cada vez mais heterogénea e ciclos de compra mais curtos estão a transformar o ponto de venda. O tradicional "cabaz da semana" dá lugar a compras mais frequentes e impulsivas. Segundo os especialistas, é quando o consumidor se encontra diante da prateleira — o chamado momento da verdade — que a embalagem se torna o fator decisivo para a compra. O preço ou a qualidade do produto perdem protagonismo para o apelo visual e emocional da embalagem. Este fenómeno é especialmente relevante numa altura em que os consumidores estão mais abertos à experimentação e menos fiéis às marcas.
Para os fabricantes de bens de consumo, isto significa que a embalagem precisa de ser mais do que funcional: deve ser diferenciadora, inovadora e emocionalmente apelativa. Para os produtores de embalagem, é um desafio acrescido que exige agilidade, criatividade e capacidade de resposta a tiragens mais curtas e a ciclos de encomenda cada vez mais apertados.
Sustentabilidade e regulação: um novo paradigma
A crescente preocupação com o impacto ambiental das embalagens e a legislação europeia estão a forçar uma mudança estrutural no setor. A diretiva europeia prevê que todas as embalagens colocadas no mercado sejam recicláveis até 2030. Esta meta ambiciosa, aliada à necessidade de reduzir as emissões de carbono, representa uma enorme pressão sobre os fabricantes de packaging, mas também uma oportunidade.
O simpósio sublinhou que esta transição não pode ser feita de forma isolada. É essencial uma colaboração transversal em toda a cadeia de valor: desde os designers e marcas aos fornecedores de papel, filmes, tintas, vernizes e adesivos. A inovação em materiais e a integração de soluções circulares será determinante para cumprir os objetivos climáticos e, ao mesmo tempo, criar vantagens competitivas para as gráficas e conversores.
Digitalização e inteligência artificial
O avanço da digitalização está a revolucionar a forma como se imprime embalagem. A automação de processos, o uso de dados em tempo real e a aplicação de inteligência artificial permitem otimizar a produção, prever falhas e reduzir desperdícios. Ferramentas como os gémeos digitais, que replicam processos físicos no mundo virtual, estão a ganhar importância na monitorização, análise e melhoria contínua da performance das gráficas.
Os recursos tornam-se ainda mais relevantes num contexto em que os trabalhos são mais curtos, os prazos mais apertados e a complexidade dos pedidos aumenta. A mensagem dos especialistas em tecnologia presentes no simpósio foi clara: os dados são a base de um modelo industrial mais autónomo, inteligente e resiliente, capaz de responder às exigências do mercado com maior eficiência.
Oportunidades para os fabricantes
Na sessão de encerramento, David Schmedding, Chief Technology & Sales Officer da Heidelberg, reforçou a visão da empresa: “O futuro da impressão de embalagem será altamente automatizado, autónomo, sustentável e personalizado. As empresas que apostarem em design criativo, automação inteligente e soluções amigas do ambiente serão as vencedoras no mercado. A Heidelberg está preparada para ser o parceiro de confiança que ajuda os seus clientes a alcançar este futuro.”
O simpósio “Packaging Tomorrow” deixou também uma nota de otimismo: o futuro reserva grandes oportunidades para os fabricantes de embalagem de cartão, particularmente devido à tendência global de substituição de plásticos por materiais de base fibra. Estima-se que o mercado de embalagem sustentável alcance os 520 mil milhões de dólares até 2030. Para capitalizar esse crescimento, será fundamental investir em inovação criativa, sustentabilidade comprovada e tecnologias de produção avançadas.
