A diretiva relativa aos plásticos de uso único da UE entrou em vigor em 3 de julho, mas a sua aplicação confusa pode prejudicar a integridade do mercado único e comprometer as metas europeias de redução do carbono, diz a European Paper Packaging Alliance (EPPA).


Embora a EPPA apoie o objetivo da Diretiva relativa ao plástico de uso único (Diretiva SUP) para reduzir o lixo marinho, os membros da associação discordam da aplicação da legislação que inclui produtos que contém mais de 90% de papel.

copo papel

“As orientações discriminam as embalagens à base de papel, fabricadas na Europa, a partir de fibras de madeira renováveis e recicláveis, favorecendo os talheres não recicláveis fabricados a partir de recursos não renováveis, produzidos principalmente na Ásia. Isto não só vai contra o objetivo da Europa de estimular e apoiar uma economia circular, como também desafia o objetivo da UE para a neutralidade carbónica para 2050”, refere a EPPA em comunicado.

Eric Le Lay, presidente da EPPA, comenta: "Não só prejudicará a inovação de alto valor na União Europeia, como será uma proibição de plástico que simplesmente levará a mais plástico. Vai mesmo contra os objetivos de descarbonização definidos pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho. Como demonstrámos, a substituição de embalagens de papel de uso único por embalagens reutilizáveis tem impactos negativos não só nas emissões de CO2, mas também em muitos outros aspetos, nomeadamente no consumo de água potável. A escassez de água é uma nova emergência que afeta pelo menos 11% da população europeia hoje."

Em janeiro de 2021, um estudo divulgado pela EPPA revelou que embalagens de alimentos e bebidas à base de papel, utilizadas em restaurantes de serviço rápido, têm uma melhor pegada ambiental do que alternativas reutilizáveis. O estudo de Avaliação do Ciclo de Vida (LCA), realizado pela consultora independente Ramboll, mostra que os talheres de embalagem à base de papel têm uma melhor pegada ambiental do que alternativas reutilizáveis.

O relatório revelou que os talheres reutilizáveis geraram 2,7 vezes mais emissões de CO2 do que o sistema de uso único baseado em papel, consumindo 3,7 vezes mais água doce, produzindo 2,3 vezes mais partículas finas, aumento do esgotamento fóssil em 3,4 vezes e acidificação terrestre em 1,7 vezes. O estudo foi avaliado pela TÜV e utilizou dados primários atuais dos sectores do papel, embalagem e serviços alimentares para comparar o desempenho ambiental de um ano de recipientes típicos de alimentos e bebidas descartáveis e reutilizáveis num restaurante de serviço rápido para consumo em loja.

A Agência Europeia do Ambiente confirmou recentemente que as embalagens descartáveis "desempenharam um papel importante na prevenção da propagação do COVID-19". Isto é relevante, diz a EPPA, tendo em conta que nos primeiros 20 anos do novo século o mundo já enfrentou cinco pandemias, em comparação com apenas três no século anterior.


Existem maiores riscos de transferência de doenças alimentares e de contaminação cruzada nos sistemas de reutilização do que nos sistemas de utilização única. A proibição ou redução da utilização de descartáveis de serviços alimentares, na ausência de mudanças radicais significativas nas boas práticas de higiene, conduzirá a uma maior persistência e circulação de agentes patogénicos alimentares na cadeia alimentar humana e ao aumento dos riscos de doenças alimentares humanas na comunidade.

A European Paper Packaging Alliance (EPPA) é uma associação de embalagens de alimentos e produtos alimentares sem fins lucrativos. Os membros da EPPA são: Seda International Packaging Group, Huhtamaki, AR Packaging, Smith Anderson, Schisler Packaging Solutions, Stora Enso, Metsä Board, Mayr-Melnhof Karton, WestRock, Iggesund/Holmen, Reno De Medici e Paper Machinery Corporation.